quinta-feira, 18 de junho de 2009

Ônibus da Caxangá: paciência no limite


Toda paciência humana tem limite. Ainda mais quando um coletivo da Caxangá, em especial a linha Jardim Brasil / Rio Doce, pois os usuários sofre humilhações constantes. Chega um momento em que estoura a paciência.
Em na noite do dia 18/06/2009 cheguei a minha cota (...) esperei na parada, próximo ao Banco do Brasil, cerca de 01:25 h (...) por ser uma noite chuvosa e fria todos estavam encolhidos e resignados, espirrando e rezando( pelo amor de Deus que o motorista não “queime” a parada, que o motorista esteja de bom humor e que o ônibus esteja limpo).
Que sorte (...) pensei, La vem o ônibus e o motorista parou, parece que ele está de bom Humor e o ônibus está limpo. Tudo estava perfeito ...
Ou quase, Perto da ponto onde deveria descer o motorista entrou em um desvio e cortou cerca de 01Km do seu percurso normal, deveria seguir na Avenida Costa Azevedo entrar na Rua Recife onde ou iria parar.
Quando percebemos já estávamos indo em direção a Jardim Brasil I, aos gritos cerca de 10 passageiros protestou e a trocadora aos berros disse que o ônibus não mais iria entrar na Rua Recife e que quem se achasse prejudicado ligasse para a Caxangá, acredito que ela sabe que isso não iria levar a nada, e na chuva que caia na noite de Olinda 01 criança de cerca de 10 anos, 02 adultos, 03 estudantes e uma senhora com cerca de 60 anos caminharam até o seu destino que deveria ser feito no ônibus.
Será que eles não tem mãe, filhos ...???
Ou será que a solução é a população do bairro ir a rua e expulsar os ônibus velhos e a empresa do bairro. Só assim as autoridades resolverão o problema que a até hoje prejudica os moradores de Jardim Brasil II.
Outra duvida me preocupa Será que a Secretaria de Transportes de Olinda não exige o cumprimento das regras? Não tem poder ou não tem vontade de pressionar os empresários? Quem deve ser respeitado em primeiro lugar, as empresas, ou os usuários? Afinal, o serviço de transporte coletivo é uma concessão da prefeitura, feita mediante regras de bom serviço. Os empresários pressionaram e ganharam o aumento no preço das passagens, mas até quando os ônibus imprestáveis vão continuar rodando na cidade?
Mas vale lembra a Lei das Concessões (lei 8987/95)e os ensinamentos do Dr. Evandro Luis Urnau
(...) O transporte urbano que transita pelas ruas todos os dias é um Serviço Público delegado do Município ao particular, sendo que este possui a obrigação de o prestar de forma eficiente e adequada, cabendo ao Poder Público o dever de fiscalização e de intervenção para que este serviço seja prestado com qualidade.
O inciso V do artigo 30 da atual Constituição da República Federativa do Brasil assim o prevê:
" Art. 30. Compete aos Municípios:
(...)
V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial"
Cabe, inicialmente, para facilitar o desenvolvimento do estudo proposto, conceituar Serviço Público.
Nas palavras do eminente professor Helly Lopes Meireles, "Serviço Público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniência do Estado" (DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO, Ed. Malheiros, 2002, p. 320).
O transporte coletivo, dentro do conceito latu sensu de Serviço Público, expendido acima, pode ser definido com um serviço de utilidade pública, pois visa a facilitar a vida da coletividade, colocando à disposição veículos para lhe proporcionar maior conforto, velocidade e modicidade na locomoção.
Em face disso, a natureza deste serviço é uti siniguli, ou seja, direcionado apenas aos usuários que o remuneram por meio de tarifas.
Embora a remuneração principal do concessionário não provenha do Poder Executivo, é dele a incumbência de fiscalizar e interceder para que este serviço de transporte seja prestado de forma eficiente à coletividade.
Helly Lopes Meireles, em sua Obra "Direito Administrativo Brasileiro", traz, sinteticamente, as obrigações da entidade concessionária para com a coletividade, as quais devem ser objetos de controle pelo Poder Público:
"Os requisitos do Serviço público ou de utilidade pública são sintetizados, modernamente, em cinco princípios que a Administração deve ter sempre presentes, para exigi-los de quem os preste: o princípio da permanência impõe a continuidade no serviço; o da generalidade impõe serviço igual para todos; o da eficiência exige a atualização do serviço; o da modicidade exige tarifas razoáveis; e o da cortesia traduz-se em bom tratamento para com o público. Faltando qualquer desses requisitos em um Serviço Público ou de utilidade pública, é dever da Administração intervir para restabelecer seu regular funcionamento ou retomar a sua prestação" – grifou-se (p. 321).
O que verifica-se, atualmente, é uma Administração Pública displicente ao fiscalizar os concessionários e, ao mesmo tempo, acessível às suplicas das empresas no que diz respeito ao ajuste das tarifas.
Assim, de um lado vê-se um concessionário preocupado apenas com o aumento de seus lucros e de outro um Executivo Municipal negligente, que acaba não se preocupando com os administrados, cedendo às pressões para o "restabelecimento do equilíbrio econômico", freqüentemente postulado, e ignorando a modicidade da tarifa e a eficiência do serviço, que devem ser observados na prestação do serviço delegado, como bem acentuado pelo professor Helly L. Meireles.
Ora, como o próprio nome já diz, os concessionários de Serviços Públicos ou de utilidade pública têm como fim precípuo servir o público, sendo, portanto, inadmissível que o serviços sejam prestados de forma dissiduosa, visando apenas o lucro gerado pela tarifa cobrada dos usuários.
Dessa forma, inconcebível, no transporte coletivo, estarem até os corredores dos veículos lotados, fazendo com que, muitas vezes, trabalhadores se atrasem e coloquem em risco os empregos que os sustentam por não conseguir sequer entrar no ônibus.
É de se exigir do Poder Público que use de suas prerrogativas típicas dos contratos administrativos, como o é o de concessão, e fazer com que os concessionários prestem um serviço de qualidade ou, então, revogar a delegação por interesse público, inclusive encampando o serviço, se necessário.
Nesse sentido, Helly Lopes Meireles ensina que "é dever do concedente exigir sua prestação em caráter geral, permanente, regular, eficiente e com tarifas módicas", salientando que "no poder de fiscalização está implícito o de intervenção para regular o serviço quando estiver sendo prestado deficientemente aos usuários" (Direito Administrativo Brasileiro, 2002, p. 373).
A Lei (1) dá, ainda, a possibilidade para os próprios cidadãos exercerem este direito de fiscalização, pois "aquele a quem for negado o serviço adequado (art. 7º, I) ou que sofrer-lhe a interrupção pode, judicialmente, exigir em seu favor o cumprimento da obrigação do concessionário inadimplente, exercitando um direito subjetivo próprio" (MELLO, Celso A. B., in CURSO DE DIRETO ADMINISTRATIVO, Ed. Malheiros, 2000, p. 638).
Contudo, há de se ter em vista que os usuários do transporte coletivo urbano são, em sua maioria, pessoas sem recursos financeiros e, em geral, de baixa escolaridade, que sequer imaginam estar fazendo uso de um Serviço Público delegado e que podem recorrer ao Poder Jurisdicional para vê-lo prestado de forma eficiente.
Com efeito, não é crível que tais cidadãos vão, efetivamente, exercer tal direito trazido pela lei, não podendo, em face deste dispositivo legal, a Administração deixar o ônus da fiscalização ao administrado.
Sublinhe-se, por derradeiro, que a necessidade de o Poder Executivo agir de forma responsável na fiscalização das concessões de transporte coletivo, bem como verificar se as condições estabelecidas no contrato estão sendo cumpridas pelo concessionário, decorre de lei, fazendo-se imperioso, portanto, que este tome as medidas cabíveis para a efetiva defesa dos interesses da coletividade, consoante determinam os Princípios da Legalidade e da Supremacia do Interesse Público, que regem a Administração Pública de um modo geral.
Destarte, os cidadãos possuem o direito à qualidade do transporte coletivo, não devendo se submeter às verdadeiras torturas diárias dentro dos ônibus, causadas pela falta de fiscalização do Executivo Municipal. Devem, sim, exigir do Poder Público o cumprimento do disposto na atual Constituição da República Federativa do Brasil e que tome as medidas necessárias para a efetiva defesa dos interesses dos administrados.
Bom e isso ai;
Vandalismo não é solução e ficar parado encolhido rezando por um transporte público de qualidade.
Há, transporte público de qualidade é direito nosso!!!

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